Basta dar uma olhada dentro de garagens, museus e bibliotecas dos Estados Unidos para perceber que o movimento maker está prosperando.
A cultura da mão na massa e do DIY (Do It Yourself ou Faça Você Mesmo, em português) vêm inspirando crianças e adultos a construir inúmeros projetos e, aos poucos, esses espaços abastecidos com pistolas de cola quente, brocas e martelos, vêm invadindo as escolas também. Infelizmente, o movimento maker enfrenta alguns grandes obstáculos à medida que entra nas salas de aula.
O primeiro deles: escolas não estão pensando no movimento maker como uma ferramenta de instrução. A afirmação é de Chris O’Brien, um ex-professor que ajuda escolas a criarem espaços maker e de aprendizagem baseada em projetos em Nova York. Segundo O´Brien, as escolas cometem um grande erro ao enxergarem esse tipo de aprendizado como uma reles matéria optativa ou apenas um lugar para ir depois da escola para brincar com madeira, tecido ou impressora 3D.
“Escolas que apoiam a cultura maker precisam encontrar um espaço para ela na grade curricular. Isso não só ajudará na aprendizagem dos alunos, como também evitará que o movimento maker se torne apenas uma moda passageira”, enfatiza.
Uma escola que está tentando entender como fazer isso é a Lighthouse Community Charter School, em Oakland, Califórnia. Em seu espaço maker, chamado de laboratório de criatividade, um estudante está trabalhando em um protótipo de drone feito de isopor. Outros estão criando uma bola de discoteca com LED e copos de papel ou uma casa de bonecas de papelão com luzes e móveis. Você pode fazer o que quiser. Não há proibições nem fronteiras para a criatividade.
A escola vem trabalhando duro para tentar vincular o que acontece no espaço maker ao conteúdo que os professores estão dando na sala de aula. Tanya Kryukova, por exemplo, ensina Física. Seus projetos mão na massa incluem uma minicasa elétrica para explorar circuitos e carros feitos a partir de ratoeiras e faixas de borracha. Ela diz que está sempre se perguntando como pode aplicar conceitos de física em projetos. “Para mim, a verdadeira aprendizagem acontece quando um aluno tem sua curiosidade despertada e passa a fazer perguntas”, diz.
Mas há uma tensão – e ela nos leva ao segundo desafio: à medida que o espaço maker se expandir para mais escolas, existe o medo de que ele seja “corporativizado” e perca sua essência em meio a testes, padrões e estruturas pré-estabelecidas. Isso é perturbador para um movimento marcado por criatividade, liberdade e experimentação. Mas a aluna Khalil Roberson, de 13 anos, tem a solução: lembre-se de manter a cultura maker sempre leve e divertida. “Isso é apenas uma mola”, diz.
Outra solução para esse desafio é fazer atividades mais centradas no ser humano. Por exemplo, propor uma tarefa em que os alunos devam projetar e criar algo para um amigo ou para sua comunidade. De acordo com Aaron Vanderwerff, diretor do laboratório de criatividade, isso exige que os alunos entrevistem o potencial usuário do produto, pensem no que ele está interessado, encontrem diferentes soluções para o problema e obtenham um feedback antes de criar o produto final. Ele segue um padrão, mas não perde sua essência.
Por fim, o terceiro grande desafio: tornar a educação maker acessível não só a crianças brancas de classe média e alta. Felizmente, isso já acontece na Lighthouse Community Charter School. “Nossos alunos não são crianças ricas. Quase 90% são afro-americanos e latinos e 84% de classe baixa”, destaca Vanderwerff.
As soluções para os desafios estão em desenvolvimento, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado.
Fonte: NPR