Carolina, Maranhão. Sexta-feira, 24 de junho, noite de São João. Dezenas de alunos do Ensino Médio, alguns professores, cadeiras lotadas, pátio da escola.
“Meu amigo parou o Ensino Médio e foi trampar na obra. Voltou a estudar e já sabe tudo, é o melhor aluno de engenharia elétrica” – “A escola já te prepara para a vida. É só ver o enunciado dos exercícios nas provas, no ENEM, todos partem de uma situação do cotidiano”.
“Não dá para dar atenção para 200 alunos ao mesmo tempo, você não tem 200 amigos por exemplo” – “O conhecimento já está disponível”.
“A gente tem que dar todas as matérias, não dá para o aluno sair sabendo só uma coisa” – “Provas, repetências e matérias específicas são um desestímulo, e eu acho que a escola não deveria excluir ninguém”.
Foi dia de festa junina, uma queimada tinha acabado de acontecer, e os professores que esperávamos para a palestra sobre aprendizagem criativa não apareceram. Invés disso, vieram turmas de Ensino Médio do CELAM, uma escola da região. Uniformizados, sentaram enfileirados nas cadeiras e fizeram silêncio, como sempre.
A palestra falhou e uma ideia surgiu: dividir o grupo em dois e propor um debate escola tradicional VS escola sem salas, sem aulas, sem provas. Um professor resolveu romper as regras e mudar de grupo, deixando para trás aqueles que havíamos pedido para defender a escola tradicional. Os outros defenderam suas matérias e maneiras.
Mas algo de inesperado aconteceu: acima de qualquer autoridade, as vozes dos alunos se fizeram ouvir. Haja ou não mudança amanhã, eles já mostraram que têm o poder e o conhecimento para propor algo novo.