O Pisa (Programme for International Student Assessment), teste internacional de aprendizagem que compara a habilidade de jovens em leitura, matemática e ciências, pela primeira vez também irá avaliar a denominada “competência global”. O objetivo é questionar os participantes sobre assuntos como fake news, aquecimento global e racismo.
O teste de Pisa, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), está entre as medidas mais utilizadas para avaliar os padrões de educação ao redor do mundo. Em cada rodada de testes, um assunto é escolhido como a medida principal para construir a tabela internacional. Os testes serão realizados em cerca de 80 países neste ano e o resultado será publicado em 2019.
O teste de competência global destina-se a descobrir o quão bem os jovens podem entender opiniões e culturas de outras pessoas e como podem enxergar além da bolha das mídias sociais e distinguir provas confiáveis de notícias falsas. Trata-se de um desafio à intolerância e ao extremismo.
“Houve tanta violência indiscriminada em nome de diferenças étnicas e religiosas que os jovens precisam ser ensinados a conviver com pessoas de outras culturas. Isso ajudará muitos professores a combater a ignorância, o preconceito e o ódio, que estão na raiz do desengajamento, da discriminação e da violência”, afirma Andreas Schleicher, diretora de educação da OCDE.
Os avaliadores querem descobrir como os estudantes podem analisar criticamente questões contemporâneas locais e globais e o quão bem podem entender múltiplas perspectivas culturais. Uma das questões propostas diz respeito a diferentes interpretações de evidências. Nela, uma mesma informação sobre aquecimento global é usada para produzir gráficos positivos e negativos e os alunos são convidados a questionar como os dados podem ser usados eletivamente ou como os resultados da pesquisa podem ser influenciados por quem a financiou.
Além das questões, haverá informações coletadas sobre interesse dos jovens em outros países e línguas, desigualdade global, imigração e meio ambiente. Tradicionalmente, os rankings tendem a se basear em assuntos cujas comparações de resultados são mais diretas. Desta vez, a análise é subjetiva e está relacionada a valorizar a dignidade, a diversidade e a necessidade de viver de forma harmoniosa em comunidades multiculturais.
É um território novo e difícil – e muito longe da clareza de uma resposta matemática. Vale saber se essa mudança significará a presença de países diferentes no topo do ranking, há tempos dominado pelo cluster que inclui Cingapura, Coréia do Sul, Finlândia e Canadá.