As escolas do futuro não serão focadas no aprendizado das matérias tradicionais, mas, sim, no desenvolvimento da personalidade e caráter de cada estudante. É o que acredita um grupo de empreendedores que trabalha na construção de uma instituição de ensino na área rural da cidade de Chennai, na Índia. A escola, chamada Riverbend School, atenderá jovens da 6ª série ao ensino médio e terá como missão ensinar felicidade.
O objetivo da escola não é o de preparar os alunos para ser aprovado em exames e avaliações tradicionais e, portanto, ela não seguirá uma grade curricular padrão. Os estudantes poderão escolher o que querem aprender por meio de experiências, como meditação, basquete, programação, poesia e desenvolvimento de negócios.
“O conhecimento que está sendo compartilhado nas escolas hoje em dia pode não ser o conhecimento que terá que ser passado daqui a cinco anos. Então por que vamos ensinar algo assim? Felicidade, inteligência emocional, equilíbrio, confiança e autoestima são as bases para que as grandes realizações sejam alcançadas”, declarou o cofundador da escol, Vivek Reddy. O ensinamento de habilidades específicas de aprendizado virá posteriormente à realização de atividades lúdicas.
A Riverbend School terá coaches e mentores que ajudarão os estudantes a aprender como pensar de forma independente e a focar em assuntos ou habilidades que lhes interessem.
“Nas escolas tradicionais, a prioridade é encher a cabeça das crianças com informações. Com sorte, talvez a escola se importe com a personalidade e o tipo de pessoa que o aluno é”, afirma Danish Kurani, arquiteto responsável pelo projeto do campus. “Nosso ensino será primeiro focado no caráter e no desenvolvimento da personalidade dos estudantes. Queremos cultivar crianças felizes, pessoas solidárias, que vão sair pelo o mundo e fazer algo positivo.”
O projeto de Kurani foi inspirado por um estudo de Harvard que acompanhou pessoas nos últimos 80 anos e descobriu que relacionamentos fortes são a chave para uma vida feliz. Além disso, a partir de um outro estudo, o arquiteto descobriu que o formato de aldeias tende a promover relacionamentos mais fortes. Por isso, o layout do campus imita o de uma aldeia, com uma grande área central para convivência. “A escola é centrada em torno de uma praça central pública e tem espaços para estudar, brincar, refletir, viver e plantar. Todo aspecto do projeto encoraja a socialização”, diz Kurani.
O campus inclui laboratórios para estimular a colaboração, desenvolvimento de protótipos e criações digitais, quartos que podem ser usados como galerias, espaços para apresentações, gravações, aulas de música, arte e dança, além de uma loja onde estudante podem conceber e desenvolver negócios. Ele também contará com um instituto com pesquisadores que podem estudar a efetividade das técnicas do novo método de ensino proposto.
Filosofias e textos hindus também serão usados para ensinar aos estudantes a viver uma vida feliz. “No contexto ocidental, você acredita que o ambiente controla sua felicidade. Então você quer controlar seu ambiente”, afirma Reddy. “Em uma filosofia oriental, você tende a crer que você controla a felicidade por meio de sua mente, então você é capaz de desconectar o ambiente da felicidade. Idealmente, é isso o que queremos ensinar para as crianças”.
A abertura da escola está prevista para 2020. Os responsáveis pelo projeto ainda estão trabalhando para resolver o descompasso entre seu modelo e as leis educacionais indianas. Eles entendem que não será uma escola para todos, mas que pelo menos alguns se identificarão com a filosofia. “As pessoas buscam universidades e carreiras bem sucedidas porque, no fim das contas, querem ser felizes. Pode ser que faça sentido focar nesse objetivo de forma mais direta”, conclui Reddy.
Fonte: Época Negócios