O dia amanhece, o despertador toca, e o jovem já acorda desanimado por saber o que vem pela frente: aquela aula maçante de geografia ou de matemática, que não permite uma interação sequer entre os alunos. A cena é bem comum dentro de casa e revela o quanto a atual metodologia de ensino precisa ser repensada.
De acordo com uma série de estudos realizados por pesquisadores norte-americanos e publicados pela Proceedings of the National Academy of Sciences, estudantes submetidos a aulas tradicionais, em formato de palestras, são mais propensos à reprovação do que alunos em contato com métodos de aprendizado estimulantes, que os transformam em participantes ativos, não apenas ouvintes. Esses métodos inovadores, segundo as pesquisas, reduziriam as taxas de reprovação e impulsionariam as notas em cerca de 6%.
“As aulas tradicionais têm sido a forma predominante de ensino desde 1050”, observa um dos cientistas responsáveis pelos estudos e biólogo Scott Freeman, da Universidade de Washington. Freeman começou a usar novos métodos em suas turmas e, embora utilize slides de Power Point, propõe apenas perguntas e interage com os alunos em busca das respostas. “Meu curso de biologia introdutório ganhou 700 alunos”, comemora.
Um estudo desenvolvido pela pesquisadora Rosalind Picard, do MIT (veja o gráfico abaixo), mostra que a atividade cerebral observada quando um jovem assiste a uma aula tradicional é praticamente nula e se assemelha à atividade cerebral gerada ao ver televisão – até mesmo quando ele está dormindo a atividade é maior!
Para Eric Mazur, físico da Universidade de Harvard que fez campanha contra aulas tradicionais por 27 anos, esse é “realmente um artigo importante”. “A impressão que tenho é que é quase antiético dar aulas em forma de palestras se você tem esses dados em mãos.”