Nós somos ensinados a seguir regras desde crianças. “Aguarde sua vez”, “coma a sobremesa por último”, “amarre seus sapatos”, “não faça perguntas estúpidas”… Somos recompensados quando agimos com cautela e punidos quando ousamos sair dos padrões. Dividimo-nos em grupos com base nos resultados de testes, seguimos carreiras baseados em nossos diplomas e trabalhamos em escritórios onde somos obrigados a nos vestir, falar e nos comportar de determinada maneira. Em algum momento ao longo dessa jornada, o mundo define você como “criativo” ou “não criativo” – e, claro, a maioria das pessoas se enquadra na última categoria.
O problema é que o pensamento criativo é fundamental para o sucesso. Graças e ele, houve o surgimento e grande sucesso de empresas como Airbnb, Facebook e Uber e a transformação completa de indústrias como publicidade, transportes e turismo. Segundo um estudo realizado pela IBM com 1.500 CEOs, a criatividade é considerada a característica mais essencial de suas empresas, mais do que integridade ou visão. Isso porque, de acordo com os entrevistados, a criatividade permite que as empresas naveguem no ambiente empresarial cada vez mais complexo e sobreviam a ele.
Há muitas razões pelas quais abandonamos o pensamento criativo quando entramos na idade adulta. A criatividade é confusa e incerta e isso vai contra tudo o que aprendemos ao longo do caminho na educação formal. O pensamento criativo pode ser assustador porque nos torna vulneráveis ao julgamento alheio e faz com que sintamos que estamos perdendo o controle. É por isso que muitas pessoas se autodenominam “não criativas” – elas reprimem seu potencial criativo em troca de estrutura, conformidade e conforto.
A noção de que os indivíduos são inerentemente “criativos” ou “não criativos” é perigosa. Ela implica que apenas certas pessoas são dotadas de criatividade, o que já foi desmentido por diversas pesquisas. Uma delas, da Northwestern University, sugere que desistimos facilmente quando confrontados por um problema que requer pensamento criativo. A pesquisa diz, ainda, que as melhores ideias tendem a surgir depois que muitas outras foram consideradas e descartadas, provando que a chave para o pensamento criativo é simplesmente mantê-lo vivo.
Em outras palavras, abraçar as más ideias é fundamental para se chegar às grandes. As ideias que resolvem um problema são geralmente uma combinação de outras existentes, muitas das quais podem parecer ruins inicialmente. E, às vezes, ideias aparentemente ruins são de fato boas, apenas ninguém as entende ainda – lembre-se que muitas ideias a princípio ridicularizadas levaram a algumas das maiores invenções da história, como o avião e a eletricidade.
Design thinking aumenta a criatividade
Usado por gigantes como Apple, Google e Samsung, o design thinking tornou-se uma abordagem de resolução de problemas cada vez mais popular não apenas nos negócios, mas também nas escolas. Ele resume-se a definir um problema e criar a maior quantidade possível de soluções em um período de tempo limitado. É uma técnica altamente favorável à criatividade porque, assim como o pensamento criativo, é um processo de tentativa e erro e gera um alto volume de ideias. Aprenda a usá-lo em 5 passos:
Etapa 1. Ouça seus alunos. Observe o que fazem, como pensam e o que querem. O objetivo é reunir observações suficientes para que você comece a anotar declarações de problemas.
Etapa 2. Crie representações visuais usando tirinhas de quadrinhos. Desenhe a situação do problema anotado e possíveis ideias de soluções. Esboce oito tirinhas em 5 minutos para descrever o problema e, em seguida, passe 5 minutos desenhando as soluções, com cada tira contendo uma ideia diferente. Faça uma pausa e comece de novo.
Etapa 3. Elimine o impossível. Analise todas as ideias, veja quais considera valiosas e elimine aquelas que não podem ser seguidas imediatamente. Você deve poder combinar ideias e restringi-las a três novas ideias. Isso geralmente leva de algumas horas a um dia inteiro.
Etapa 4. Faça algo que você possa tocar e sentir. O objetivo aqui é avaliar uma ideia, não colocá-la em prática oficialmente. Seja tão engenhoso quanto possível e tente limitar-se a apenas uma hora para criar um protótipo físico ou digital.
Etapa 5. Em seguida, coloque-o nas mãos de seus alunos. Criem um grupo de análise, mostre o que você fez e observe suas reações. A regra geral é conversar com 5 a 7 pessoas para obter o máximo de informações no menor tempo possível.
Etapa 6. Volte para o quadro de desenho. Se você acha que seus alunos estão entusiasmados com seus protótipos, comece a colocar um plano em conjunto para executá-los. Caso contrário, absorva o que aprendeu e volte para a etapa 1.
Fonte: artigo de Yazin Akkawi para a Inc. Magazine