O modelo tradicional de ensino prega a ideia de que o professor está em um patamar superior por deter o conhecimento. No entanto, a nova realidade exige padrões menos rígidos, que prezem pela liberdade do aluno e o incluam no processo de aprendizagem como protagonistas, não apenas espectadores.
É neste cenário que a cultura maker vem ganhando força nas escolas, implementando uma estratégia de aprendizagem em que o aluno tem abertura para se expressar, buscando entender como as suas ações se inserem e modificam a realidade à sua volta.
O movimento maker parte do pressuposto de que o professor não é o detentor do conhecimento, mas, sim, intermediador do processo pelo qual o aluno pode vir a se conhecer, sempre a partir da execução de tarefas que façam sentido para ele.
“Uma das coisas que mais me atrai no movimento maker é que ele não se trata apenas de fazer. Essa é uma importante parte do que é o movimento maker. Se você dá para uma criança o passo a passo para construir alguma coisa, por um lado eles construíram algo – mas essa não é o espírito do movimento maker. Essa é apenas uma parte, mas, para apoiar ricas e criativas experiências de aprendizado, nós precisamos dar às pessoas oportunidades de fazer coisas em parceria com outras – e fazer coisas com que elas se importem”, argumentou Mitchel Resnick, professor do MIT Media Lab e uma das maiores referências em educação maker do mundo, em entrevista cedida ao EdSurge.
Em um dos projetos liderados por Resnick, o LEGO Papert Professor of Learning Research, as crianças da escola puderam interagir com kits de robótica, explorando e se aventurando com as possibilidades apresentadas de maneira extremamente criativa. Iniciativas como essas implementadas nas escolas, independente da idade do aluno, são fundamentais para desenvolver a capacidade de pensar com inovação, o que promete desde já avanços nas áreas das ciências, da computação e da engenharia.
A implementação de projetos do tipo em escolas exige, portanto, professores com a mente mais aberta, que entendam que um mesmo método de ensino não se aplica a todos os alunos e que, consequentemente, o antigo método de ensino é pouco eficaz e danoso à capacidade do aluno de pensar de maneira criativa.
Os professores devem ser capazes de propor projetos e oficinas em que os alunos possam, de certa maneira, reinventar-se – isto é, migrar de um modelo de aprendizado industrial, em que se reproduz o que aprende, para um modelo que abre espaço à liberdade individual. Acima de tudo, ele deve ouvir seus alunos e proporcionar um espaço onde suas ideias possam ser concretizadas a partir da aprendizagem baseada em projetos.
Foi com esse pensamento em vista que muitas escolas nos Estados Unidos instalaram espaços em que são possíveis a realização de atividades como carpintaria, robótica, experimentos científicos, eletrônica, artesanato e costura. Assim, independentemente da atividade, os professores propõem projetos que estimulam a criatividade dos alunos, saindo de um modelo de repetição. Em outras palavras, o docente passa a ser muito mais um mediador, ajudando o aluno para que construa seu próprio conhecimento, do que um doutrinador, que privilegia muito mais o modelo reprodutivo de ensino. Esse é o professor maker: o tutor do futuro. E, para se tornar um, sua mente também deve estar aberta ao que vem por aí.